Medo é permitirmos que alguém nos ensombre a existência. Medo é termos quem ande, sorrateiramente, atrás de nós e dos nossos passos, tentando assim demover-nos de prosseguirmos com a nossa vida. Medo é termos que olhar, constantemente, para trás de nós, receando até os nossos reflexos. Medo é deixarmos de ser nós, assumindo uma identidade que não nos identifica.
Os meus medos estão a cada dia mais pequenos e encolhem-se à medida que me agiganto. Desde o momento em que decidi que quem me define sou eu, que se acabaram os medos, as explicações e as mudanças de rotina. Acreditem que já fui intransigente e que repetia, até à exaustão, que não me faltaria mais nada do que estar a ceder perante alguém que não me sustentasse. Já não sou tão radical. Já não bato os pés só para provar que mando na minha vida, porque quem entrar nela, certamente saberá da forma como a conduzo.
Sou eu ao leme do MEU barco, mas já não há nisso qualquer novidade, porque sempre fui, no entanto ter quem me segure, abrace e olhe, vendo-me mesmo, seria um bálsamo. Mas parece que medo também é ter uma mulher como eu, não porque seja algo der extraordinário, digo eu, mas porque acordo e adormeço a saber o que preciso para continuar por aqui.
Sabem o que é ter medo para mim? É não conseguir preencher o coração de quem tenha arrebatado o meu, isso sim é doloroso e assustador!
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