- Será que sabes de que forma me ligas todos os botões e me enlouqueces antes mesmo de me tocares?
Sempre que ele me falava assim, eu acabava a morder os lábios. A minha respiração disparava e controlar-me tornava-se incontrolável. O João também sabia de que forma me enlouquecer, de desejo, e de antecipação. Ele conhecia-me melhor do que ninguém e por isso arrancava e deitava fora a minha necessidade de me esconder, de fingir que não sentia desta forma, tão intensa e deixava-me simplesmente nua, vulnerável e pronta.
- Hoje vais ser minha até me cansar de te respirar. Até que a tua pele te arda e até que as coxas se recusem a abrir-se para mim.
Fui violentamente empurrada para a cama. Vi-o, imponente, enorme, sobre mim e fechei os olhos. Eu sabia o que viria a seguir e tive um medo incontrolável de gritar, porque fazê-lo significaria ter-me perdido deste mundo.
Começou, de repente, a morder-me as pernas, as coxas, os tornozelos, mas mordia mesmo e era tão real quanto o sangue que acabara a escorrer-me, já nem sabia muito bem de onde. Se sentia prazer? Vou ter que responder que sim, porque na verdade o que o João me proporciona não se parece com nada que tenha jamais sentido. É novo, estranho, aparentemente perigoso, com um sabor a pecado, a loucura e a excesso contido. Eu não controlo nada, não consigo rever-me em nada, sou forçada a deixar-me ir. Nessas alturas paro de pensar, concentro-me apenas no que me passa, pela dor e pelo prazer. Por vezes nem o oiço, ou às suas instruções e é forçado a dirigir-me com as suas mãos poderosas, a levar-me para onde teremos os dois o que nunca sobra, o que nunca basta, mas o que vamos querer repetir.
Lamento, mas já me apaguei, quando voltar a mim talvez tente passar-vos o que aprendi a gostar, tanto quanto já gosto de o ter na minha vida!
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