Não sei o que é ser pai!
Não sei de que forma, sentem os medos e as conquistas dos filhos. Não sei se o coração também se lhes encolhe, até ficar demasiado pequeno para respirarem, de cada vez que a sua prole se magoa ou coloca em situações de perigo; Não sei ao que lhes sabem os beijos que dão quando ainda não lhes encurtam as manifestações de amor; Não sei se identificam os choros e se serão realmente tão fortes quanto fazem parecer; Não sei que força imprime a mão de um pai que aperta, de forma segura a do seu filho, não sei se o faz alheado de tudo, apenas porque precisa de o proteger, ou se também ele sente que enquanto as mãos estiverem enlaçadas, aquele ser que ajudou a nascer, pertencer-lhe-á verdadeiramente; Não sei se apenas concordam com as mães para que não se aborreçam, ou se sentem mesmo que elas preenchem a parte que não possuem; Não sei o que sonham de cada vez que sonham com o futuro dos filhos e se também se vão revendo no que fazem e dizem. Não sei o que é ser pai e não pretendo tomar-lhes o lugar, porque a mim foi-me atribuído um papel diferente.
O que realmente sei, após uns quantos quilómetros de vida, é que cada pai pode acrescentar aos filhos a experiência que a mãe nunca terá. Sei que o tom de voz e os movimentos do corpo serão repetidos e a serem bem-feitos, ampliarão a vontade que ainda estarão a maturar, de serem iguais, tão grandes e tão seguros quanto os seus olhos forem capazes de ver; Sei que um pai, tal como uma mãe, terá que viver, dia após dia, perto e o mais dentro possível, do coração de um filho. Um pai terá que saber quando faz falta, mesmo que não lhe peçam e raramente o farão; Sei que um pai, e cada vez teremos mais pais assim, tem uma forma diferente de adormecer e de acordar cada um dos seres que lhe foram confiados; Sei que os carregam às cavalitas, dizendo as tonteiras que precisam de ouvir para também eles serem tontos e descontraídos; Sei que lhes ensinam a chutar as bolas com a força que a mãe nunca terá e a atirar as pedras que saltam rio fora; Sei que lhes velam o sono e aconchegam os cobertores; Sei que os beijam de mansinho para que não percebam que também eles lhes têm um amor que por vezes parece não caber no peito; Sei dos planos que vão fazendo, mentalmente, sem saberem a quem rogar por ajuda e sucesso. Sei que quando os veem dar a primeira cambalhota e usar a bicicleta sem as rodinhas se enchem de um orgulho que lhes sai pelos olhos. Sei alguma coisa sobre o que significa ser pai, até porque também tive um, mas o que nunca saberei, porque não posso nem preciso saber de tudo, é do que são feitas as suas emoções. Isso cabe-lhes por inteiro, assim como lhes cabe ensinar tudo o que sabem, mesmo que lhes pareça que nunca os imitarão. Ser pai também tem um peso e uma importância que ninguém se deve atrever a retirar e mesmo que saibamos que alguns nunca serão capazes de ser o que deles se espera, a verdade é que até o que se impedem de fazer servirá de exemplo.
Desejo a todos os pais um dia tranquilo de reflexão e que não esperem, do nada, por aquilo que não foram capazes de dar, porque para um filho, terá sempre que ser TUDO. Deem sobretudo certezas e o que fizerem devolver-lhes-á a tranquilidade e a segurança que não pedem, mas de que necessitam para serem seguros. Desejo, a cada pai que não se afaste demasiado, dando à mãe todos os papéis importantes, porque elas apenas conseguirão fazer bem o seu. Desejo que aprendam a usufruir de tudo o que um filho faz, mesmo quando parece não fazer nada. Desejo que saibam o que significa ser pai e que assim transformem os seus filhos em pais que todos desejarão ter. Desejo-lhes um dia pleno de sorrisos e de abraços.
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