Tivemos tantos beijos, até os que ainda não nos tinham chegado, mas que já éramos capazes de antecipar, que já nos sabiam ao sabor da nossa vontade. Carregavam a esperança numa relação que queríamos nossa e a sobreviver a qualquer solavanco. Os nossos beijos tinham promessas envoltas em cada um, até as que não nos sentíamos capazes de repetir. Os nossos beijos demoraram tanto a chegar, que por vezes o desespero tomava conta dos dias, os mesmos que repetíamos mecanicamente, porque o que contava apenas importava se o outro estivesse. Os nossos beijos, se pudéssemos ter-nos beijado logo, certamente que teriam sido tão longos quanto o é o rio mais longo do mundo.
O amor não poderia ter sido melhor, nem mais completo e ainda nem sequer o nosso sabor tinha verdadeiramente sabor. Que saudades sinto de cada um dos beijos que não te pude dar e de todos quantos dei quando achei que bastavam. Tanto que penso no que queríamos atingir, quando ainda nem nos tínhamos tocado. Que pena de tudo o que deixei de te dizer, mesmo que tenha dito TANTO e durante todo o tempo que permitiste.
Os nossos beijos foram planeados ao milímetro e sonhados até que sonhar se transformou num castigo. Queríamos que o mundo parasse de rodar e que todos se esquecessem de que existíamos para podermos existir apenas tu e eu. Nunca arriscámos duvidar que cada um dos nossos beijos não seriam o que somos. Os nossos beijos tinham tudo o que tivemos anos a fio, até que os pudéssemos depositar na boca que sempre esperou pela nossa.
Quando te beijei percebi porque razão os nossos beijos já tinham ao que saber antes de o sabermos nós. Quando nos beijámos decifrámos o que tínhamos entendido antes e tudo acabou por ser o que já deveria ter sido.
Os nossos beijos não terminaram, apenas nós o fizemos!
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