Para o António e para a Ana
o amor demorara, cansando-os a ambos e forçando-os a voltas e reviravoltas até
que se pudessem voltar a tocar, mas desta vez como sonhara ela e até o
antecipara ele. Com a primavera veio o amor que se esforçam agora por cuidar,
porque já não têm mais momentos para desperdiçar.
Estávamos
juntos há poucos meses e seria este o primeiro aniversário, o meu, em que iria
ter quem sempre antecipara. Sou do signo de gémeos e o mês de maio já significa
MUITO mais do que antes. Passáramos meses, longos e desesperantes, a falarmos
de nós e de tudo o que nos voltara a reunir, desta vez numa relação amorosa.
Sempre que te via, ainda menina, nunca arriscava querer-te demasiado, porque
estavas num patamar muito alto e eu não gostava de tombos, não dos que magoam a
alma. Eras determinado, tal como te revelaste hoje e deixavas as mulheres
caídas por ti. Mas porque diabo iria uma pirralha interessar-te?
A
vida por vezes tem contornos bem curiosos e nós somos o exemplo vivo. Trinta e
quatro anos depois acabamos apaixonados, de forma irremediável e assustadora
para ambos. Estando tu longe, cada palavra e sentimento eram vividos com uma
pressa compreensível porque carregava uma perda de tempo, de lugares que até
chegámos a cruzar e de vidas multiplicadas, mas que subtraímos até regressarmos
ao mesmo sítio.
O
dia foi envolto em ti e contigo por perto, meigo, carinhoso e atento aos meus
desejos e sonhos, mas na verdade todos eles passam apenas por ti. Fomos só nós
durante um final de semana que nos soube ao sabor que têm os que se amam com
urgência e pela primeira vez, o soprar de velas seguiu-se a um pedido, genuíno,
de apenas um desejo e a cumprir-se eu serei bem mais do que sou hoje, porque te
tenho, porque me viste, finalmente e porque amar-te, sentindo que me amas de
volta, compensa o que ainda não tivemos.
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Feliz aniversário mulher da minha vida.
Tudo
o resto fomos nós, como já sabemos…
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