Há dias em que me levanto a achar que não terei NADA para me dar, nem aos outros, a todos quantos esperam de forma segura e tranquila, que me mostre e que vá sendo cada vez mais eu em tudo o que escrevo. É sempre uma revelação, até para mim, ler o que debito, por vezes de forma intempestiva, porque nunca parece ser meu. Quem é esta mulher afinal? Pergunto-me tantas vezes. Porque não paro de sentir como se nada mais existisse? Porque não me consigo sossegar mesmo e sempre que me exponho, a mim, a nós, porque pareço ser muitas mais em apenas um corpo, sem saber qual surgirá primeiro, quando e com que vontade?
Não faço apenas "isto". Não sou apenas palavras, também tenho silêncios, sei ser quieta, ser eu comigo, conseguindo um olhar novo sobre tudo o que já conheço. Não sou apenas sorrisos, porque na maioria das vezes faço-o para dentro. Sou feita da minha capacidade de multiplicar o colo, de receber quem me chama, esquecendo-me por mais algum um tempo de mim, mas reencontrando-me todos os dias, porque sem mim não existo.
Se fosse apenas eu comigo, e já começo a recear que a história termine assim, saberia por onde correr e até onde ir ou ficar. Se não tivesse a quem responder, a quem cuidar, certamente que "voaria" mais vezes, mais alto, sem ter que me arrumar a cada dia, todos os dias, para voltar a ser a que conhecem, a que os impede de sentirem os medos que também são meus, mas que nunca posso dizer que tenho. Se fosse apenas eu, teria como admitir os meus vazios, mas porque nunca me deixo quebrar, envolvendo-me numa pena que apenas me mataria por dentro, escolho acreditar que existe muito mais vida para além da que conheço e por isso quero senti-la, quero ter direito a provar de sabores novos e quero ser amada com a intensidade que amo.
Se fosse apenas eu comigo, hoje não estaria aqui!
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