Não sou o teu tipo de mulher. Não sou aquela pela qual esperaste e consegues incluir, nas rotinas, nos sonhos e nos prazeres. Não sou a que te faz rir e por norma nem um sorriso te arranco. Não sou quem te faz gemer de prazer e não sou, seguramente, a pessoa com a qual sonhas, agitado, revirando-te na cama que também é minha, soprando palavras que não consigo entender. Não sou o teu tipo de mulher e acho que nunca fui. A nossa relação aconteceu, sempre demasiadas avaliações, num compromisso firmado por todos e que, ambos aceitámos.
Aprendi a amar-te, até aos teus silêncios e olhar carregado, sobretudo para mim. Aprendi a deixar-te ter o meu corpo que sempre me pediu mais, esperando que o fizesse eu. Aprendi a cuidar de tudo o que cuidava de ti e a dar-te os filhos que escolheste ter. Aprendi a ver cada um dos teus pensamentos quando os olhavas, certamente gostarias que fossem de uma outra mulher, da que não conheço, mas já ouvi falar. Aprendi a esperar que escolhesses ir embora, porque acabarás por o fazer.
Não sou o teu tipo de mulher e nem sequer sei como vês, se me achaste, algures pelo tempo em que sonhava com mais convicção, bonita, ou nem sequer isso... Não sou o teu tipo de mulher e já não terei forma de o reverter.
Estou a olhar para as nossas fotografias de casamento e percebo já aí era uma mulher triste, mesmo por baixo de um sorriso que a todos encantou. Não sei em que momento desisti de mim, mas ao fazê-lo tornei-me na que ainda tem mais perguntas do que respostas, as que nunca verá respondidas. Não sou o teu tipo de mulher, e como gostaria de ser vista por ti, um dia que fosse, hoje que estou tão frágil, agora que te olho com todo o amor que ainda te tenho e que desperdiçaste...
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