Amar mão deve doer. Mas o desamor, a falta de pele e os beijos que não conseguimos encontrar, esses fazem doer almas cansadas. Amar é muito mais do que aquilo que vivemos, ele carrega o antes, o agora, as dúvidas, os lugares comum, os medos, sobretudo de nunca pararmos de o sentir. Amar é ter que levantar de onde estávamos seguros e permitir que a vida flua e siga o seu curso.
Não parecemos ter forma de estarmos connosco, o tempo todo. Não sabemos, não ainda, de que forma termos um lugar-comum, o meio-termo, aquele que não nos deixa com a sensação inevitável de vazio. Ainda não conseguimos falar do que terá que ser feito, quando e como. Gostamos demasiado dos nossos momentos e para não os estragarmos, adiamos o que eventualmente se tornará inadiável.
Começo os dias contigo, sabendo do que te ofereceu a noite, mas nem sempre corre bem, por vezes desesperas demasiado com a minha falta, e outras existirão que me mantenho eu em claro, pedindo o que não pareço conseguir.
Quando amar dói, sentimos o rasgar de dentro para fora e os fantasmas juntam-se, todos, numa enorme celebração, para nos testarem os limites. Quando amar dói, ainda não temos certezas. Quando amar dói, os momentos a sós parecem a quatro dimensões e há muito pouco que o outro possa fazer para nos sossegar, mesmo que tente.
Se amar, amando-te, continuar a doer assim, não sei se consigo continuar!
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