Volta e meia apetecia-me perguntar se os dias dos outros terão as mesmas horas do que os meus, é que oiço sempre tantas queixas, mas vejo tanto que se deixa por fazer, que me assusto comigo e com o que produzo. Às tantas ainda vou descobrir que os meus vieram como uma espécie de castigo e que por isso são a dobrar e não raras vezes a triplicar. Se assim não fosse como é que ainda leio 2 a 3 livros por semana? Como é que mantenho um blog, debitando tantas palavras, que pareço ter uma irmã gémea? Como cuido, literalmente assim, de 3 filhos, todos rapazes? O mais velho já tem uma namorada, a minha linda Ana, mas que ainda é demasiado menina para que também não a veja como mais uma filha. Escrevo romances, e acompanho uns quantos ao vivo e a cores, esses então davam um enredo ... Vejo filmes, mesmo que dos lamechas, sigo programas que me inspiram, novelas não porque a minha vida já é quase uma e não admito concorrência. Faço caminhadas e corro, para que não tenha que correr com uns quantos, e a pontapé. Vou à cabeleireira, à maravilhosa esteticista, à biblioteca, porque não haveria carteira que aguentasse tanto livro. Depois ainda tenho as compras, dia sim e dia também, porque comer é o que se faz por aqui e muito. Felizmente vai tudo para ajudar as cadeias de supermercados, ao invés dos tubarões da indústria farmacêutica. E a escola? É que todos precisam de apoio com os trabalhos, com os testes, e claro que a mãe representa os outros pais e vai a reuniões com os professores, ouve muitas barbaridades, e também ela tem alunos, e aulas para preparar e exames e tudo e tudo... Já que falamos em aulas e aprendizagem, também faço formações, no final do ano passado e até meio deste, fiz mais de 400 horas de formação.
Ainda podemos espremer um pouco mais o tempo e incluir o novo projecto de escrita por encomenda, com as infindáveis conversas para saber detalhes, com a escolha das capas, o tipo de letra, as fotos, as dúvidas. Há que não esquecer o programa da rádio, em directo com autoria minha e por consequência a precisar de trabalhar os temas. Já se cansaram? Eu também, mas ainda não acabou. Escrevo para uma revista de bloggers e tenho que alimentar as redes sociais, porque isto de se querer ser conhecido tem preceito, instragram, twitter e o inevitável facebook. Os dias, tal como o de muitos, começam às 7 da manhã e terminam... bem, terminam no fim, quando caio para o lado, quando até os pés se recusam mexer, mas só depois de ter dançado muito, porque para estar viva preciso de música às toneladas. Como por aqui todos vestem roupa, e não adianta ir para a rua nú que ninguém nos dá nada, cuido de toneladas de t-shirts, de baús de meias, que já não separo por cores, ou com os pares certos, tenho um saco que faz milagres e para onde vão todas. Convém que não esqueça os infindáveis desejos de última hora. - Mãe e aquela t-hirt, azul? - Tem sempre que ser a que não está pronta, claro.
Agora que começaram as formações que também dou, duas, a umas centenas de quilómetros, há que ajustar o que não pode falhar quando não estiver por perto. Acordar ainda mais cedo e deitar bem mais tarde, sobretudo porque uma das crias está a fazer um part-time e quando sai tarde, a mãezinha vai buscá-lo, claro, de contrário nem dormia com a consciência pesada.
Juro, que não mando para a veia, mesmo que já me tivesse cruzado a mente, sou apenas eu. Faço o que tem que ser feito e não me adianta reclamar. Se alguém tiver por aí uma horita a mais que queira dispensar, quem sabe não serve para eu juntar mais uns quantos projectos.
Se mesmo assim acham que disse tudo o que faço, desenganem-se porque também tenho o que estão a pensar e nada do que se atreveram a imaginar...
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