Já é um enorme feito mantermo-nos vivos, enquanto partes de nós ameaçam deixar de ser, pelas dores reais, pelos momentos que se quebram e por todas as pessoas que nos deixam. Mantermo-nos vivos enquanto precisávamos de poder morrer, por uns momentos que fosse, indo, mas conseguindo voltar mais fortes. Mantermo-nos vivos pelo tempo que nos arrastamos, em dúvidas constantes e em medos que se colaram e não pretendem sair. Mantermo-nos vivos fora das paredes que nos protegem e sobrevivendo ao que nos arremessam, com enorme violência emocional, rachando o que nunca seremos capazes de selar. Por vezes, e para que nos mantivéssemos vivos, bastaria que nos olhassem como somos, respeitando as nossas incapacidades e até as forças de que somos feitos.
Nem sempre estar vivo significa ter um coração que bate ao ritmo certo. Nem sempre sorrir significa que se esteja bem, tal como chorar não é sinónimo de dores. Nem sempre sabemos como manter vivos os que amámos, porque são eles que comentem suicídios conscientes. Nem sempre temos respostas para o que nos mata, devagarinho e de forma cruel, levando o que tanto nos demorou a conquistar e transformando-nos em seres demasiado amargos. Nem sempre parar de lutar significa que se tenha desistido, tal como lutar sempre e a qualquer momento, não nos certifica de qualquer sucesso. Nem sempre as noites são quietas, ou os dias movimentados, por vezes tudo se vira ao contrário e começamos a gatinhar quando já caminhávamos. Nem sempre vencemos...
Mantermo-nos vivos terá que ter mão de qualquer outro para além de nós, porque sozinhos será sempre demasiado solitário!
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