Não consigo ver a minha, mas sei do que é feita, sei agora, depois de todo o trabalho que me deu perceber o que a engrandecia. Mesmo não sabendo qual o seu formato, sei que se alimenta de todo o amor que consigo distribuir e que de cada vez que o sabor amargo se instala, ela se encolhe, comprimindo-me o peito e o coração. Não sei de onde viajou até ao hoje em que me reconheço, mas sei quando está livre, leve e aberta. O que alimenta a minha alma é a minha felicidade e todos os sorrisos que consigo largar, bastando, tal como agora, que sinta a verdade a percorrer os dedos com que teclo as palavras que o confirmam. O que alimenta a minha alma e a prepara para todas as viagens que ainda empreenderá, é o respeito que lhe tenho por tudo o que me ensina, transformando-me em alguém que me orgulho de representar.
Este é o meu corpo, a matéria visível e a que fiz por merecer, porque tudo o que carrego, até a pele que o cobre, os olhos que espelham quem sou, sem qualquer margem para erro, os lábios dos quais saem séculos de sabedoria, as mãos que consigo dar a quem delas precisa e as que também retiro para poder continuar. Esta sou eu porque aprendi a preservar o que continuará para além de mim, assim, como me prevejo agora.
Não sei para onde irei depois desta vida, mas sei que vou fazer todas as outras de forma mais segura, porque o que sou hoje certifica-me de que estou muito mais pronta. Não sei que talentos me encherão, mas a humildade com que vejo para além de mim, será sempre o maior. Não sei o que alimenta as almas, mas sei do que precisa a minha e é dela que cuido!
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