Fácil nada será, mas ao que tem que ser feito não adianta adiar, porque quanto mais prosseguirmos, mais caminho teremos que percorrer para regressar!
Nunca é fácil admitir que nos enganámos e que fomos enganados. Nunca é fácil perceber que o que ouvimos não nos era dirigido. Nunca é fácil desistir de alguém, achando que outro nos poderá tomar o lugar. Nunca é fácil ser de quem desiste de nós mal o frio comece a gelar. Se fosse fácil, seríamos a primeira escolha, a única e a certa.
Quem é que aceita, de ânimo leve, o falhanço? Quem consegue deixar de olhar para trás, quando não percebeu todos os sinais, mesmo estando lá? Quem adormece, sereno, depois de reviver cada pedaço de vida que nunca lhe chegou a pertencer?
O que magoa mais e quase impede de continuar não é a pausa forçada, é a vergonha da pequenez e a lentidão na compreensão. O que magoa é saber que fomos usados e que nunca, em momento algum, se atreveram a querer mais de nós do que migalhas, porque o bolo inteiro já lhes pertencia. O que vai continuar a magoar, durante algum tempo, é perceber que afinal não somos assim tão inteligentes e que podemos, sim, ser enganados por quem dança bem melhor, até em terreno agreste.
Fácil nunca será, sobretudo amar sozinho, não tendo retorno e mesmo assim acreditando que o teríamos. Será que por vezes os planetas se movem, ou a terra gira ao contrário? Só assim se explica tanta burrice e incapacidade de vermos para além de nós.
Mesmo doendo, vai ser com cada pedacinho de uma dor alucinante, que te irei tirar mais depressa, porque de cada vez que me atrever a recordar-te, receberei em troca facadas tão profundas, que a insistir sei que acabaria a esvair-me em sangue.
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