Já sei que com apenas um abraço desmonto toda a tua mágoa e raiva de mim. Ralhas e gesticulas zangada, mas linda, porque mesmo a ser magoado, mesmo a ouvir-te largar todas as palavras que me entram tão dentro quanto balas em chamas, foco-me na tua boca, aquela que nunca me canso de beijar. Deixo que os meus olhos pousem nos teus seios a arfar, lindos, parecendo terem sido feitos para encaixar nas minhas mãos. Admiro o corpo bem conservado, com a pele que conheço de cor, que tem os cheiros que levo sempre comigo, mesmo quando me ordenas que saia e que te deixe em paz. Tenho que te permitir deitar para fora tudo o que te prende, tudo o que acumulaste pela minha incapacidade de te cuidar como sei que precisas e só depois arrisco aproximar-me de mansinho, mas determinado, não desviando o olhar e sentindo-te encolher, porque já sabes que te vou abraçar forte, deixando-te bem dentro do meu corpo, o mesmo que te diz que já chega, que peço desculpa, que te amo como um louco e que vou mudar. Não resistes, nunca consegues, aninhas-te, minha, indefesa, mas protegida. Não tentas fugir porque é assim que queres estar, nos meus braços e comigo, durante o tempo que o tempo nos permitir.
- Gosto de ti mulher, pára de lutar contra mim e aprende a desculpar as minhas imperfeições.
Já não consegues falar mais, não precisas, tens-me de volta, já te desmontei e já te reconquistei.
Sabemos ambos o poder do abraço, o quanto ele cura e aproxima quem se afastou, mesmo que por breves segundos, do que sabe precisar. Sabemos, porque já o testámos e sabemos que os nossos corpos só se completam assim, nos abraços apertados e sentidos que nos oferecemos e não apenas quando estamos de costas voltadas. De frente para mim, no meu peito, voltas a ser a mulher que escolhi e a que vou fazer por manter.
- Anda cá pequenina, deixa-me abraçar-te!
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