Prometi-me, já há algum tempo, não passar pela vida sem a sentir verdadeiramente e tenho cumprido. Uso bem mais a contemplação e demoro-me nos lugares que me dão prazer e carregam paz (será este o sinal claro de velhice anunciada?).
Cuidar-me física e emocionalmente passou a ser feito com uma gestão apertada, porque só me cabe a mim repor energias ou impedir que me fujam em demasia. Prometi-me sossegar pensamentos e não querer controlar tudo, primeiro porque não consigo, não carrego esse poder e depois porque apenas serviria para me esgotar. Ainda padeço de algumas dores, sobretudo das de mãe, é que já não me cabe regular o mundo e manter a prole segura, agora estão "lá", onde não chego e acabam sempre por decidir sozinhos. Também aqui me prometi desapego, entendendo que lhes forneci as ferramentas que vão usar e que tenho que confiar que o farão de forma acertada. Não sou demasiado ansiosa, mas de alguma forma sinto que me tornei uma grande atriz, mostrando uma segurança e ligeirezas que não possuo, mas que sei serem absolutamente necessárias, porque é a mim que recorrem até para as coisas pequenas, mas grandes e às quais trato de tratar com as certezas que nem sempre tenho.
Prometi-me não esperar demasiado e acreditem que tem resultado, mas o que quer que chega vai sendo devidamente apreciado. Aceitar os outros, as suas escolhas e entender do que falam, mesmo quando parece uma língua estrangeira (que não domino) torna-me mais forte e capaz dos inevitáveis revezes. Prometi-me deixar seguir o que não me pertence e receber o que me trás no envelope. Prometi-me e prometo viver TUDO o que ainda me couber, agradecendo por estar aqui e ser assim.
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