Vou sabendo, cada dia mais, que a tua mão está determinada na minha. Vou sabendo, até quando os outros falam mais alto, por cima do que pensamos e quando nos olhamos sem que mais nada pareça importar, que apenas nós importamos. Vou sabendo que serás capaz de me apanhar se cair, bastando que me apertes o corpo que aprendi a abandonar para ti, oferecendo-te o que me pertence.
A cada toque, até quando parecíamos já não ter nada para ser tocado, nada novo, nem nada diferente, consigo sentir-te. És feito do que esperava e foi assim que te reconheci, quando me tocaste. A cada toque, quando acordo e já me olhas de sorriso seguro, porque foi comigo que adormeceste e porque a forma como te toquei te devolveu o que já me dás, dia após dia. A cada toque acredito mais na loucura inicial, aquela em que NADA parecia poder dar certo, pela diferença, pela distância, pelas músicas loucas, tuas e serenas minhas.
As noites de Agosto são cada vez mais longas, e usamo-las para que o calor que nos assola nos mantenha sedentos e colados um no outro. Vou descobrindo cada novo franzir de sobrolho, os toques e tiques que me legendam as histórias e os sorrisos, naturais, que chegam para concordar com o que partilho.
A cada toque vou percebendo que terás que estar no meu futuro, até porque começaste num passado que recordamos, sem inibições, no presente que nos pertence. A cada toque sei eu e sentes tu, que és o homem que permanecerá comigo e no que imagino venha a ser o nosso “para sempre”.
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