Por vezes sinto medo de ser avaliada pelo que escrevo e olhem que escrevo muito. Por vezes sei que poderia fazer muito mais, mas a vontade de me expurgar por palavras carrega o receio de ser demasiado tudo, se é que me conseguem entender. Por vezes queria poder sonhar acordada mais tempo e sem interrupções. Por vezes escrever é um duro castigo!
Temos que nos encontrar com quem nos entende e partilhar cada pedaço de sentimento que não pretendemos esconder, até porque nos diminuiria. Temos que querer da forma mais determinada possível, para podermos e sermos capazes de mais. Temos que nos saber ler os silêncios e nos ruídos de fundo dos demais. Temos e temos, mesmo que acabemos a fazer tão pouco.
Quem escreve sabe o poder das palavras e sente o que representam neste mundo tão verbal, mas no qual se diz menos a cada dia. Quem escreve tem outras vidas para viver e faz por vivê-las intensamente, mesmo que acabe por ter a mais desinteressante de que há memória. Quem escreve não pode sucumbir aos vazios, sobretudo quando disso depende prazos e exigências literárias. Quem escreve, supostamente tem sempre sobre o que escrever.
Por vezes sinto medo de me avaliar, de cada vez que me empresto emocionalmente às palavras que TANTO uso!
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