Já não me lembro do que se sente quando o amor chega e se instala. Já não sei dizer o que via quando olhava para a pessoa que me mudava os dias. Já não tenho na boca o sabor dos beijos que nunca eram em demasia, porque apenas assim me sentia perto o bastante para saber que estava a viver o que era meu. Já não digo nunca, mas já não penso nos recomeços.
Quem é que nos está destinado até quando deixamos de acreditar que possa voltar a ser possível? Quem é que também continua à nossa espera e ainda assim não o sabe? Quem é que se esqueceu do sabor do amor, mas continua a sentir-lhe a falta?
Nada como aprender a viver com o que se é e tem, para que o aparentemente impossível já não seja parte da equação. Sentir que a paz nos invade, mesmo que ela signifique que já quase desistimos do que antes nos mantinha alertas e vivos, afasta a vontade de voltar a querer entrar na montanha-russa do amor. Procurar pela companhia sem que a alguma vez possa ser uma solidão acompanhada, deveria bastar para que se voltasse ao mundo das relações e se arriscasse, mas ainda assim...
Já não me lembro de adormecer e acordar a saber a quem pertencia, vendo do meu lado quem me acompanhava muito para lá do mundano e planeável. Já não sei o que sabia quando não era apenas eu, mas ainda sinto o corpo mover-se quando me esforço. Já não me reconheço quando percebo que deixei de querer arriscar no que verdadeiramente faz sentido. Já estou em modo stand-by há algum tempo e ligar-me vai ser uma tarefa gigante.
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