Quem foi que disse que os olhares não têm toque?
Estamos a viver momentos diferentes, assustadores e tão inconvenientes, que por vezes até me esqueço que sou mulher e que os homens continuam a existir. Ando tão focada no que preciso de fazer, que já não faço o que me pode manter viva, de coração descompassado, mas na passada certa e de pele arrepiada. No entanto os dias crescem e com eles os acasos.
Tens seguramente os olhos mais bonitos que já vi e não apenas pela cor. Tinhas à vista o possível, porque com este frio polar a roupa carregava-te, tal como o fazia a mascara, mas a verdade é que te vi, vimo-nos e olhámo-nos sem pressa, sem qualquer desconforto ou inibição perante todas as pessoas que passavam. Não sei quantos minutos passaram, mesmo que tenham sabido a longas horas duma conversa sem palavras, não das que se dizem mesmo, mas das que se ouvem e sentem. Não sei quem és, não me apeteceu perguntar, talvez porque tenha sentido que nos voltaremos a ver, ou quiçá por ter duvidado de próximos episódios.
Quem foi que disse que até um dia não planeado nos pode deixar com vontade de fazer planos?
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