Por uma vez, mesmo que seja apenas esta, tenho alguém que precisa mesmo de mim, alguém de quem também já preciso há muito. Por uma vez na minha vida, sou capaz de ir para onde a vontade me dita, acreditando que a dor nunca me voltará a segurar. Por uma vez, até quando pareço já ter tido tantas outras, consigo saborear o doce sabor da liberdade, da falta de pressa e das muitas certezas de que me rodeio. Por uma vez nesta vida, a única de que me lembro, sei que não me deixarás sozinha, abandonando-me apenas aos sonhos, porque sonharás comigo.
Se soubesse antes, quando me magoava com os sentimentos de quem parecia não sentir o bastante, que seria ainda maior, mais forte e mais preparada para quem chegaria, teria sorrido mais, amado sem dúvidas e soltado a alma para que chegasse mais depressa a ti. Se soubesse, como sei agora, que o amor pouco importa quando não estamos na mesma sintonia de quem reconhecemos, não me teria forçado da pior maneira e atrasado o percurso que já me era destinado. Se soubesse que ao saber um pouco mais saberia o bastante sobre ti e que assim te teria, inteiro e a ser verdadeiramente a minha pessoa, teria corrido ao invés de caminhar e seguramente que saltaria de mais alto sem receio da queda. Se soubesse que a melhor parte de mim se revelaria quando te aceitasse, os sorrisos nunca me teriam abandonado os lábios que agora enches de beijos e que te enchem do que sempre soubeste ser teu.
Por uma vez, ainda que tivesse acreditado que já o vivera, vivo com quem me enche dum sol que irrompe olhos dentro e que me aquece de qualquer frio imaginário. Por uma vez, depois de já saber que te pertenço, deixei de querer que mais alguém me possa fazer duvidar de mim e do quanto sou capaz de amar para que me amem de volta.
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