Os tempos difíceis podem mudar até a forma como sentimos, talvez por isso existam tantas pessoas a sentir de forma dolorosa, infligindo dor aos outros. Os momentos de luta interna dificultam as relações, amargando o que nem deveria ter sabor, ou o que já poderia ser doce. Os olhares magoados e que carregam passados pesados, pesam nos relacionamentos mais comuns, amplificando o que nem tem assim tanta importância e diminuindo o que deveria ser considerado. Os sonhos apagados por escolha, ou pela sua falta, provocam erros que nem sempre se remedeiam e que se perpetuam em comportamentos que não servem a ninguém.
Muito do que não temos acontece pelo que nos impedimos e travamos, seguindo em rotas que já sabemos ser as erradas, mas escolhendo sempre os mesmos lugares, usando as mesmas palavras e olhando sem nunca conseguir ver o que está bem à frente dos nossos olhos. Muito do que somos hoje, com erros e sucessos, é fruto do que nos facilitámos sempre que conseguimos ver para lá da tempestade e do que erradamente dificultámos com medo de voltar a errar. Muito do amor que nos falta veio com a incapacidade de nos amarmos primeiro, mostrando, sem lugar a qualquer dúvida, que sabemos exactamente de que forma amar.
As defesas emocionais poderão subir tal qual uma parede de tijolo, fila a fila, para que se encubra o que não queremos visível, mas impedindo-nos igualmente de ver para lá dela.
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