Será que ainda te lembras do que tinhas antes, a total liberdade nas escolhas e o estar onde, quando e com quem quisesses? Será que tens noção do poder que carregavas, sempre e de cada vez que ias e voltavas quando muito bem te apetecesse, mas ainda assim ficavas no mesmo lugar? Será que já olhas de forma consciente para os inúmeros abraços que podias ter dado, mas que desvalorizaste? Será que te bastam os momentos ao telefone e as mensagens que atiravas sem demasiado cuidado, mas que agora são pouco mais do que te resta?
Nunca se falou tanto em afectos, em demonstrações intencionais e sentidas do amor que julgámos estar sempre lá, no nosso formato e disposição. Nunca quisemos tanto querer, abraçar, cuidar e olhar nos olhos. Nunca nos sentimos tão sós e incapazes de simplesmente escolher o que ser e fazer.
Já é uma história mais do que antiga, a necessidade da perda para a posterior valorização. Só reconhecemos o que não podemos ter, porque só teremos o que nos permitir a vida, mas será que mudámos alguma coisa e nos prometemos o diferente? Permito-me duvidar, porque mal passe a tempestade, a aparente bonança levará para bem fundo da nossa curta memória, o que tanto nos custou. Foi-nos dada a possibilidade de reavaliar, mudar, usufruir, cuidar e dividir, mas tenho sérias dúvidas quanto à noção colectiva da necessidade de fazer diferente e melhor. Contino a esbarrar em muito conformismo e distanciamento emocional, porque só nos lembramos de Santa Bárbara quando troveja, mas mal o sol irrompe...
Será que já pesaste e mediste bem o que eras e fazias antes do mundo se virar ao contrário? Se a resposta for um não peremptório, o meu conselho é que te apresses, porque a vida não espera pelos indecisos e porque o mundo será sempre maior do que o teu "quintal", por consequência estarás e serás susceptível à sua vontade.
0 Comentários