Tanto que se escreve sobre os escritores e tanto que se romantiza sobre os seus romances, quando na verdade é tão pouco o que se percebe dos momentos que eternizam numa dor tão pessoal. O tempo tem um correr diferente e a angústia que se instala sempre e de cada que tudo lhes está desenhado na mente, mas demora a colocar no "papel", forçando-os a uma vontade de solidão que ameaça colar-se para sempre. Escrever é uma necessidade e uma maldição. Trazer histórias ao mundo, as que algures, alguém, acreditará serem suas, vira e revira-lhes a vida. Saberem, antecipadamente, do que já muitos deveriam saber, tem um peso que lhes amassa a vontade de apenas escrever quando lhes der na real gana, porque existe uma ditadura na escrita. A vida urge para quem usa as palavras como respira e nunca é complacente com quem adia o inadiável, é que não podem simplesmente e num acto de egoísmo, ficar com todas as palavras sem as partilhar.
Tanto que já se escreveu, mas tanto que parece ainda faltar dizer. Tantos lugares comuns na alma e tantos outros que apenas o coração reconhece. Amores e desamores, pessoas que chegaram, mas apenas para partirem logo de seguida, sonhos que não saíram do sono e vidas que superaram o mais incrível dos sonhos. Desejos que apenas sabemos sentir quando nos tocam a pele e beijos que nos cobrem os lábios que já nem pareciam saber beijar. Há algo de mágico nas histórias que lemos, no entanto a magia estende-se, todos os dias para quem as vive sem demasiados adornos, ou a adornar a vida como a entendem ser possível.
Tanto que se imagina sobre quem usa a vida que lhe foi entregue, em formato de "papel e caneta", para que nunca fique por dizer o que alguém precisa, MESMO de ler e saber. Tanto que já se amou perante a escrita de alguém e tanto que se tirou da gaveta das memórias apenas perante um punhado de palavras. Tanto que se instala de bom quando se usa as palavras certas e tanto que se dá, sem saber exactamente a quem, o que afinal todos merecemos receber.
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