Nem sempre te consegues convencer do que tantas vezes repetes, talvez até à exaustão, esperando que pelo menos assim pareça certo. Nem sempre sentes da mesma forma, a ti ou aos que te rodeiam, que vai e volta te sugam as energias que demoras a acumular. Nem sempre sabes o que dizer a quem confia na tua aparente sabedoria e muitas vezes sentes uma vontade gutural de lhes gritar que não sabes sempre tudo e que seguramente dias haverá em que não saberás NADA. Nem sempre as músicas que te movem e deixam em alta conseguem operar o milagre de te curar dum dia difícil. Nem sempre estarás cheia da coragem que já te classifica e os medos de outrora encherão o teu coração de dúvidas, de questões a que ninguém parece saber responder e de desejos que colidem com o que já não pretendias desejar. Nem sempre passarás bem sem o amor que não tens e por vezes até que darias um membro para que ele já se tivesse instalado, definitivo, seguro e confiante. Nem sempre terás o olhar que sossega as mentes inquietas e por vezes até tu mesma estarás num reboliço emocional que assusta. Nem sempre serás apenas sorrisos seguidos de um anuir de cabeça confiante, confirmando o que dizem de verdadeiro e corrigindo, de mansinho, o que julgavam ser certo. Nem sempre o teu corpo saberá o que fazer com a mente que lhe arranca, deliberadamente ou não, o prazer que merece, mas quase sempre responderá ao chamado, aguardando, tranquilamente, pelo dia em que o seu dia chegará. Nem sempre serás a tua melhor versão ou sequer maior amiga, mas com determinação e toda a paz emocional que acumulaste, voltarás para te restaurar, desculpando-te do que afinal ainda te falta aprender. Nem sempre conseguirás deixar de te arrepender do que não foi para sempre, mas com tudo o que te define e depois de passada a tempestade, aceitarás que não poderia ter sido de outra forma. Nem sempre gostarás de ti como já percebeste ninguém conseguirá, mas apenas para que te reformules e acabes a gostar ainda mais. Nem sempre a inspiração virá em catadupa, enchendo-te de todas as palavras que precisas de derramar, no entanto estarás apenas a preparar-te para muitas mais. Nem sempre conseguirás estar no aqui e no agora, mas rapidamente regressarás ao que fazes melhor e te foi dado confirmar. Nem sempre conseguirás que o respirar seja compassado, porque por vezes sentirás que te rasgam a capacidade de armazenares mais saudades e as dores que acumulas enquanto mãe. Nem sempre te impedirás de chorar, porque se o fizeres, repetindo ciclos e lugares, apenas rasgarás a fina película que te cobre, mas que já se revelou tão dura que te salvou. Nem sempre será sobre ti, mas tanto que gostarias que fosse...
2.3.22
Nem sempre...
by
Sue Amado
on
março 02, 2022
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário