Como é que te poderei sossegar?



Venha o tempo e o momento. Venham os lugares que nos façam sentir em casa e com cada um o regresso tão desejado. Venha o amor que me prometeste para que o meu te seja devolvido com a mesma entrega e intensidade. Venha o que me cabe, porque apenas assim saberei onde caber contigo e por ti.

Dizes, mais vezes do que desejava, que pareço nunca dizer o que tenho dentro, mesmo que me esforce por te tranquilizar, assegurando-te que ninguém do passado virá para nos ensombrar. O teu corpo movimenta-se sempre com algum desconforto, até quando te toco para que me saibas tua, e sendo-o com tanta entrega, que me doem as entranhas pela incapacidade de te sossegar. Dizes sempre o que sentes e pensas da forma como nos penso, mas o medo nunca abandona o meu olhar quando me olhas, desesperado e a querer antecipar o que não pretendo fazer. Dizes tantas vezes que me amas, talvez porque precises de o ouvir, mas é com o maior dos meus sorrisos que te confirmo que deste lado tudo é igual, tão forte e determinado quanto foi o nosso início. Dizes o que não queria ter de ouvir, mas vou-te reservando, pacientemente e com tudo de bom que acordaste em mim, o que um dia te bastará, para que nenhuma palavra, por mais pequena, te impeça de acreditar.

Venha o tempo pelo qual tanto anseio, hoje muito mais do que antes, para que a "casa" que construo, com todo o amor de que sou feita, te possa finalmente confirmar que o que tenho nunca servirá a mais ninguém.

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