Estamos a cada dia mais determinados, mas mais sozinhos. Já não parecemos procurar a nossa metade, talvez porque tenhamos entendido que somos um só e completos, mas estamos decididamente mais solitários, desconfiados, impacientes e inflexíveis.
Já não procuramos aprovação e estamos onde nos fazemos falta, mas passamos o tempo útil a falar do que ainda não temos e parece ser sempre tanto quando somos apenas nós. Estamos constantemente a planear o que nos deixa mais livres, mas sentindo-nos invadidos por uma prisão emocional que nos sentencia sem qualquer pena determinada. Já não usamos o "nós" vezes que bastem e o "eu" chega a ser exaustivo e revelador de enorme insegurança.
Estamos em constante fuga e assumimos que a dependência nos enfraquece, no entanto não parecemos mais fortes, não aos olhos dos outros. Já não dividimos o importante, mas subtraímos frequentemente o que multiplicaria o outro. Estamos mais egoístas e incapazes de olhar e ver, mas querendo e esperando ser vistos sempre. Já ninguém parece servir ou ser certo, mas continuamos erradamente a planar pelas mesmas pessoas com as mesmas características. Estamos mais duros e impacientes, mas reclamamos da impaciência alheia, levando o outro quase à loucura. Já não cuidamos do corpo nem o respeitamos, mas acabamos a noite a exigir que o valorizem e parem de usar. Estamos menos doces e compreensíveis e puxamos de palavras duras para dizer o que nos sairia bem melhor se ao menos nos ouvíssemos. Já começamos a perder muito antes de qualquer ganho e o triste é que no final ficamos todos muito mais longe uns dos outros.
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