Sem amor ninguém vive bem, isso é mais do que ponto assente, no entanto viver também passa por muitos estágios emocionais que nos deixam mais fortes e capazes de suportar temperaturas baixas sem que enregelemos demasiado. Sem amor somos um pouco menos crentes e encontramos obstáculos até em portas abertas, mas seguramente que apenas por demasiado desamor instalado. Sem amor somos de cores pálidas e de palavras sem qualquer sabor. Sem amor parte de nós ficará definitivamente partido e quando nos atrevermos a juntar as peças, poderemos já não ir a tempo.
A forma como encaro o amor entre duas pessoas também evoluiu e acabei por conseguir, em diferentes estágios da minha vida, maturá-lo o bastante para o poder absorver como se de um bom vinho se tratasse (curiosa a analogia para quem nem sequer bebe). Já os vivi de forma demasiado intensa, sem muitos planos, ou planeando tão pouco, que o resultado apenas poderia ser o seu fim anunciado. Já amei mais do que fui amada e já senti tanto amor vindo dos lados mais inesperados, mas que me deixaram cheia de vontade de os poder viver, que não pude evitar de me sentir a pessoa especial de alguém. Tive amores errados, no tempo e no objeto, mas nunca me impedi de passar exatamente o que tinha dentro, porque apenas assim me conseguiriam ver.
Sem amor, ou com amores destorcidos, somos mais lentos de raciocínio e decidimos quase sempre demasiado tarde. Sem amor, sobretudo por nós, nunca sabemos o que temos e podemos dizer, de forma a que nos entendam à primeira. Sem amor fazemos mais escolhas erradas do que certas e usamos como desculpa o facto de ninguém, para além de nós, sair afetado. Sem amor, por demasiado tempo, passamos a padecer do mesmo que todos os outros, sem que nos destaquemos por muito que sejamos mais e maiores.
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