Gostava de poder dizer que tudo o que escrevo são histórias minhas e que o meu olhar sobre as coisas é sempre romântico e assertivo, mas a realidade é um quê de distante da ficção. Temos que carregar vida para a poder reproduzir e precisamos de sentir intensamente para o poder dividir.
Não existe forma de fugirmos aos olhares dos outros se queremos mesmo ver, por isso o que passamos carrega-nos forçosamente, mas também nos limita e condiciona. Gostava de ter mais milhas e mais amores para contar, mas passei a ser comedida para com o que não controlo e parei de analisar à exaustão o que afinal se lê em poucas linhas. Já gosto bem mais de mim hoje, porque passei a gostar do que represento para quem me reconhece. Já me revejo em tudo o que fui passando, ensinando, aprendendo e sentindo que afinal estava certa. Já piso o meu chão com mais firmeza e já não receio nenhum dos pisos novos.
Gostava de poder gostar livremente de quem passa por mim, mas percebo que ao respeitar cada um pela sua individualidade, permito-me a devida proteção. Gostava de muito mais, mas para já vou-me contentando em gostar de mim.
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