No que toca ao amor acredito que andamos todos a tatear, caminhando com pés de lã, mesmo que com muita vontade, mas com igual sensação de medo e dúvida. Nunca parecemos saber o suficiente, nem qual o lado certo da pessoa que nos entra coração dentro sem pedir licença. Nunca encontramos forma de dar o bastante, ou talvez até o façamos em demasia, desequilibrando a já tão sensível balança das emoções. Nunca conseguimos respirar de alívio.
No que toca ao outro, à forma como pensa e com que intensidade, a lição é ainda mais dura e não raras vezes acabamos às apalpadelas, cegos de muita vontade, mas com tanto para aprender. Amar não basta. Dizer que se ama ainda menos. Mostrar que queremos tudo, dando-nos aos pedaços, nem sempre convence e não raras vezes também nós duvidamos até do óbvio.
No que toca ao amor, sermos nós parece ser pouco, mas termos quem escolhemos pode até derrubar o sabor que o sonho colocou na nossa realidade.
Quando foi que nos tornámos tão fracos, assustados, julgadores e incrédulos? Onde é que a única emoção real e simples se complicou tanto? O que planeamos ter no que nos resta de vida, para que finalmente possamos simplesmente ter amor, muito e todo o que merecemos? Quem nos tornámos enquanto parecíamos já ter tudo o que precisamos para sabermos quem somos e que tempo ainda nos resta para que paremos de perder tempo?
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