Sou uma fascinada crónica. Tudo o que me rodeia arranca-me, de uma forma ou de outra, expressões de contentamento, aliados aos sentimentos que promovo para ir sendo um pouco mais do formato que reconheço. Nunca estou satisfeita com o que está e tenho no momento, porque eu não sou o agora, estou no agora e passível de mudar e melhorar. Pareço precisar sempre de um pouco mais deste mundo absurdamente fascinante e diametralmente oposto ao fascínio das pessoas. A pequenez, a formatação e o contentamento descontente escurecem-me a alma. Não entendo, porque o recuso, as entregas sem que se esteja inteiro e verdadeiramente interessado. Abomino, mas de forma bem gutural, os que se "arrastam" pela vida sem a saberem viver, achando que o fazem apenas porque se movem de forma repetida, respiram e entabulam umas quantas conversas sem conteúdo.
Sou e serei sempre a minha maior impulsionadora, buscando pelo que ainda não entendi, mas entendendo que tenho habilidades que me levarão até ao cimo da minha montanha. Sou das que ama sem reservas, mas reservando-me o direito de querer muito amor de volta. Sou, ainda, pouco tolerante com os que toleram a mesquinhez, os abraços sem ninguém dentro e os beijos que estão a beijar outras bocas. Sou a razão pela qual acordo inquieta, mas sossegando-me sempre que os outros falham dizer-me o que gostaria de já saber. Sou a lente duma câmara que vê para lá das coisas, talvez porque escolha ver o melhor do que existirá, para que possa ser realmente visto. Sou tão inteira quanto me permitirem, mas também me parto em pedaços, tantos quantos for capaz de tolerar e a verdade é que tolero pouco. Sou diferente, nem melhor nem pior, mas sempre eu e nunca uma animação projetada num qualquer ecrã virtual.
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