A vida pode-se tornar dura para nós, quando não a cuidamos, quando optamos por não a olhar nos olhos, quando nos escondemos, enganamos ou passamos por cima e por norma ela fá-lo quando estamos mais vulneráveis, chegando sem apelo nem agravo!
A Rita está, seguramente, a passar pela situação mais difícil e penosa da sua vida. Aos 53 anos, sem ser já a mulher que virava cabeças, porque não se cuidou, com os filhos a continentes de distância e com um marido que mantém apenas pelo pavor de ficar sozinha, mas o qual não respeita nem ama, tudo lhe parece negro, sombrio e assustador. Não tem amigas reais, daquelas a que se recorre sempre que necessitamos de um ombro ou de uma palavra. A família navega num mar de dúvidas e receios, porque passou o tempo a apunhalá-los pelas costas. Está sozinha, não encontra motivação em nada, não lê, não se informa, não cuida nem do corpo nem da mente. Sobrevive, e mal, aos dias cada vez mais longos e cruéis.
O que sinto, uma vez que não me é de todo estranha? Lamento que não saiba como se reerguer sozinha e que também não saiba pedir ajuda. Encho-me de algum desalento e impotência perante a sua recusa em aceitar que não está bem. Não a entendo e quase que antecipo o final, mas...
Vidas, as que fazemos por ter quando escolhemos ter muito pouco!
0 Comentários