Por onde foi que andei? Porque fui receando sempre tudo e evitando mostrar esta mulher que sente como respira, que sabe o que quer e quem precisa de ter para que cada poro deite para fora o que guarda dentro, faz demasiado tempo? Será maturidade ou apenas o fim de um ciclo, de avaliações extremas, de medo da pele que tem e que tanto que mexe com os outros? Não me vou perder em perguntas, agora estou mais interessada em conhecer as respostas, em seguir no caminho que vi bem lá atrás, quando era determinada pela inocência e pela capacidade de sonhar sem rede, de voar mesmo que não pudesse voltar à terra. Estou a trazer de volta a menina que sabia de que forma queria ser mulher, a que lugar do mundo pertencer e como se mover para não ficar demasiado quieta...
Sei por onde andei, mas não sei como lá cheguei e fiquei, e de que forma me apaguei e permiti que parte de mim, a maior parte, se auto flagelasse e deixasse de perceber como funcionaria, como me ligaria e manteria a funcionar, se apenas não receasse ser esta mulher.
Não sei por onde andei, mas gosto desta mulher. Gosto das minhas formas e do olhar que dispenso às coisas. Gosto dos planos que traço para cumprir. Gosto da minha capacidade de usar as palavras, de já as não recear, conseguindo que os outros se apoiem na força que afinal tenho.
Espero já não ir tarde. Espero continuar a ver-me por fora, porque já sei o que me vai dentro. Espero manter esta capacidade de me sentir vulnerável, com desejos que já não escondo e com todas as partes de um corpo que despertei. Espero manter no meu percurso quem fui descobrindo, todos quantos tropeçaram nos meus sorrisos, até os que não conseguem ver. Espero que nunca vos faça falta, porque cuidarei de me manter por perto e a fazer o que já provei sair bem.
Já vou sabendo mais umas coisas de mim e da vida que escolho a cada dia. Já vou sabendo que até as perdas valerão sempre a pena, porque por onde quer que tenha andado, sei que regressei sempre ao que afinal sou.
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