11.10.15

Senti-te!




Estavas lá, estiveste o tempo todo, enquanto me contorcia numa dor que apenas tu poderias ter atenuado, se a tua presença tivesse sido física, mas o que tive foi a sensação de ti, o olhar que se pousava na minha nuca, o som da voz que me martelava o cérebro cansado. Estavas lá, comigo, até quando tive vontade de desistir!

Tal como um raio nunca cai duas vezes no mesmo sítio, nenhuma relação se restaura, não outra vez, perante a incapacidade de nos envolvermos o suficiente para que possamos estar realmente quando fazemos falta, quando o calor dos nossos corpos eleve o outro e o devolva à vida.

Quase que a voz não me saía, quase que o que diziam os outros não me chegava, ou vinha de modo distorcido, com movimentos de lábios que não acompanhavam o que precisava de saber, de quem me iria apertar forte e soprar ao ouvido - estou aqui meu amor, já estou aqui - não seria preciso mais nada, não teria que chegar mais ninguém, bastarias tu e o resto do mundo voltaria ao lugar certo.

Sei que te senti e que talvez até tenhas estado de longe vigiando as forças que me restavam, deixando que as lágrimas se te escorressem, mas sem a coragem de chegares, de me tocares e de me permitires parar de me segurar. Sei que não foste capaz, que te sobrou medo, que te faltou entrega e que te perdeste na forma como estive perdida.

Adeus meu amor, hoje soube que a tua saída seria para sempre, porque que se não estiveste presente no dia em que a terra me arrancou dos braços o que a minha carne produziu, então nunca mais poderás voltar, já não saberias como e já não te aceitaria.

Hoje enterrei dois dos amores que me mantinham viva e hoje morri também!


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