Tenho saudades do que tivemos antes, que era tão simples, natural e despretensioso. Não éramos os únicos, havia uma multidão à volta, mas sei que te via e na minha meninice conseguia sonhar-te!
Saudades tuas e do que representavas no meu passado. Das gargalhadas, nossas e dos outros que ouvíamos e vivíamos. Saudades tuas, da tua forma meia arrogante e segura de resolver tudo e de comandar. Saudades de te olhar à distância, sabendo que não te podia tocar, nem ser tocada, mas querendo-o e muito.
Não sei como vieste, de onde, para ser e fazer o quê, mas trouxeste o melhor que já tive e isso já é meu. Não sei até onde iremos os dois, talvez a lugar nenhum, não como os lugares são vistos e reconhecidos. Não sei no que te tonaste, tal como não o saberás, mas estamos a descobrir. Não sei ao que sabes, de que forma tocas e se ao tocar-te te reconhecerei, mas vou saber.
As saudades também são boas e carregam as memórias que deveríamos manter, lembrando-nos do que arriscámos esquecer. As saudades trazem-nos de volta quem afinal nunca partiu verdadeiramente. As saudades são o alimento dos que recusam deixar a vida partir.
Saudades tuas tenho, claro e pelos vistos ainda para ficarem, mas eu aguento, porque sou das duras, das determinadas e porque sei que um dia já não serás apenas saudades. Um dia estarás a lembrar-me porque tive saudades de ti.
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