29.5.16

Boa noite!


Já não me dizes boa noite. Já não sei a quem te agarras nas noites que prolongávamos para que o nosso tempo, aquele que parecíamos precisar, sempre e cada vez mais, não passasse. Já não sei a quem beijas quando beijar-me parecia encher-te e preencher-te.

Não sei onde estás agora, agora que preciso tanto de ti. Não sei para onde vão tantas lágrimas, as minhas que embrulho na almofada que já não cheira a ti. Não sei se existe alguém neste mundo que sirva para mim e que me dê, tal como tu e os teus sorrisos um boa noite que traga para os dias o que me manteria. Não sei se sabes a falta que me fazes, sobretudo de noite quando me dizias - "boa noite meu amor".

Nunca viste de que forma desabei. Nunca sentiste o que senti realmente quando te ouvi dizer que não era eu, não ainda. Nunca soubeste o que apagaste e como me tiraste o chão que percorria por ti e contigo. Nunca saberás, não enquanto eu souber carregar a força que me carrega, como apagaste a minha chama e me deixaste a morrer.

Onde quer que estejas e a quem quer que digas boa noite, estarei ainda por aqui, apanhada na tristeza com a qual me alimento do que deixei de ter, a pensar em todas as noites que alimentam as minhas. Para onde quer que o teu rio corra, o meu oceano não terá forma de saber se vem de ti, se está com a mesma força,e se carrega as mesmas águas.

Boa noite meu amor, sou eu, apenas eu, que pareço não saber como deixar de precisar de ti quem te diz baixinho a vontade que manterei de te manter ainda aqui.

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