Inevitabilidades. Que palavra carregada e difícil de pronunciar, mas ela é mesmo a representação do que não conseguimos impedir de acontecer e há tanto que acontece a cada segundo e que nos deixa sem sabermos por onde ir. Era inevitável que retrocedesses, porque alguns navios são demasiado grandes, com percursos que levam a mares tão remotos, que apenas os mais duros resistem. Era inevitável que o choque da tua realidade, com a minha fosse o equivalente a uma avalanche de neve. Era inevitável que o que sou, o que tenho e carrego, na vida que eu escolhi, te abafasse e impedisse de respirar. Era inevitável a nossa diferença em todas as semelhanças que carregamos.
As inevitabilidades vão acontecer até mesmo quando tentamos muito. Por vezes as pessoas encaixam-se e levam, com todas as suas forças, para o sítio aparentemente certo o que têm ambos, mas inevitavelmente nem sempre basta. Não basta querer. Não basta ser determinado. Não basta olhar e ver mesmo. Não basta sermos apenas nós quando existem outros. Inevitabilidades. Fazem parte de todo o nosso processo evolutivo, ou apenas existencial. Perceber que não controlamos nada, sobretudo sentimentos, torna-nos inevitavelmente mais humanos. Eu sei que fiquei.
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