Chegamos a um momento na vida, em que parecemos não ser capazes de fazer, o que quer que seja, sem que outros lugares, pessoas ou situações, se interponham. Muito provavelmente, nunca fomos autónomos, decisores, não a cem por cento, de nós e dos nossos desejos, mas quando a idade avança, outros valores se levantam.
Os dias deixam de ser nossos. as vontades, dos outros, parecem sobrepor-se, de cada vez que sentimos vontade, de nós. As noites assustam, porque os acordares já não são tranquilos, nem previsíveis, se é que alguma vez o foram. Tudo parece ser mais importante e urgente e já nem respirar, de forma compassada, se consegue.
Não se pode. Já não posso, dizer que quero desta forma ou de outra, porque não depende apenas de mim. Não me cabe, apenas a mim, escolher, fazer, ou simplesmente deixar de querer. Não deixam, já não me deixam, seguir o que planeei, lá atrás. Já não se importam com o que me importava, e acabo a ser, apenas, um ser igual a todos os outros.
Não se pode, porque já não nos deixam apenas ser. Não se pode, apenas sentir, usufruir, e fugir, para bem longe, não levando nada nem ninguém. Não se pode, mesmo que se lute, deixar para trás quem não acrescenta, não envolve e não permite que se seja, que eu seja, o que afinal sempre acreditei que era.
Evolução? Inevitabilidade? Não sei o que responder, talvez apenas perdas.
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