13.8.16

Quando percebemos...

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Quando percebemos, passou-se mais uma hora, o dia correu, inteiro e o final da semana veio a uma velocidade inacreditável. Quando percebemos, cada mês, um a um, envolveu mais um ano e a todos eles, ano após ano, a meia década bateu, violenta e sem qualquer contemplação. Quando percebemos, o nosso sorriso já está carregado de mais rugas e o olhar perdeu o brilho de outrora, não porque tenhamos decidido brilhar menos, mas porque a inocência, os sonhos e a veleidade de acreditar, se esfumou.


Meio século de muito, de tudo o que foi possível acumular. meio século de muitos amores e de algumas desilusões pelo meio. Meio século vivido pelo meio, porque apenas usei e avaliei metade. Antes do meio de alguma coisa, não sabia como estaria, não como estou agora. Meio século de tantos desejos por concretizar, mas de tantos outros já embrulhados e prontos a serem vividos.

Quando percebemos, somos mais, mais velhos, mais sábios, mais intolerantes, ou  mais capazes de aceitar tudo o que fizemos chegar. Quando percebemos, e nunca percebi, como hoje, que já tenho metade de vida vivida, quando ainda não sei quanta mais poderei viver. Quando percebemos, e percebi eu, as escolhas de antes passarão a ser cobradas, a partir de agora e para a frente, para o tal do futuro que ainda quero ser capaz de ver.

Não vou estar para sempre, não vou ser sempre como hoje, nem terei, sempre as forças que hoje ainda me impelem a seguir em frente, mas vou estar alerta, viva e cheia de tudo o que me enche e deixa feliz.

Quando percebemos, estamos outra vez na mesma rua, na mesma esquina, na mesma parte da vida na qual ficamos à espera, até que a espera termine. Quando percebemos, já não somos mais nós, mudámos, tão rápido quanto mudaram os minutos que a hora conquistou. Quando percebemos, terminou, terminámos...

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