Ninguém se meteu entre o que eu sentia por ti e o que desejava ter feito de nós. Ninguém me conseguiu convencer de que seríamos certos ou errados. Ninguém te trouxe, vieste sozinho e partiste da mesma forma. Ninguém me viu, como o fizeste, mas certamente que terás visto demais e sentido menos do que precisavas. Ninguém, a não ser tu mesmo, me disse que deveria parar ou continuar. Ninguém soube tanto do que sentia, como o soubeste e por isso mesmo terás descartado o que tanto fiz por construir. Ninguém me perdeu de forma tão deliberada e consciente como o conseguiste.
Quando iniciamos uma viagem a dois, teremos que nos manter ambos na maior parte do percurso, para que não arrisquemos estar a vir quando o outro se vai e sem sabermos quando retornaremos ao mesmo ponto. Terminar uma viagem também será sempre solitário, porque mesmo que se grite que estaremos a ir, de vez, para sempre e sem volta, se insistirem em não ouvir só nos restará mesmo continuar, na maioria das vezes como começámos, apenas nós.
Ninguém irá saber, sobretudo não agora, o que fui capaz de mudar para te tentar mudar. Sabia que era errado, soube sempre, porque o amor não muda ninguém, a falta dele sim e marca com ferros o que nunca mais terá forma de sair. Insisti e persisti durante o tempo que o meu tempo me deixou, mas acabei derrotada, esgotada e a não saber o que me faltava, quando parecia até ter tudo. Quis salvar-nos, aos dois, levando-nos para a frente, juntos, com certezas e achando que sabia o que precisávamos para nunca pararmos de precisar um do outro. Ninguém irá entender como fui capaz de esperar por nada, tendo sempre tão pouco, menos do que as palavras duras que me oferecias. Mas ninguém poderá, não depois da história que escrevi, culpar-me de ter pelo menos sonhado, porque enquanto o fiz tive-te.
Ninguém me afastou, nem sequer eu. Ninguém desistiu de nós senão tu mesmo...
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