Amores que chegam com a temperatura que o calor carrega. Amores quase desenfreados, cheios de
toda a energia que as noites longas nos fizeram acumular. Amores desesperados e ansiosos, por mudanças, por renovações e
previsões de recomeços. Amores que
começam à velocidade que terminam, mas ainda assim a valerem cada sopro.
Encontrar-te, de face já mais morena que a minha. Olhar-te e ser olhado da mesma forma,
sabendo que tinhas entendido o que ainda não arriscara dizer. Sorrir-te sabendo que me irias sorrir
de volta, esperando que me movesse, com passos seguros, porque me asseguraras
do sucesso. Desejar-te, no minuto a
seguir ao perceber que te poderia ter, fez-me confiante.
O verão durou o tempo que durámos nós. Estivemos quentes, intensos,
determinados em prolongar, pelo tempo que estaríamos, juntos, no mesmo lugar,
sendo de outros bem distantes, o que sentíamos, na mesma sintonia e velocidade.
O verão durou dias quase loucos e
noites pela noite dentro. O verão
trouxe-nos, a ti e a mim, sabores que ainda não tivéramos, mas que acabámos a
reconhecer. O nosso verão, tal como
o amor que criámos, não teve lugar nem tempo para mais ninguém.
Ver-te rir e sorrir com os olhos.
Saber que sabias, tal como eu, que apenas seríamos, ambos, cada um dos momentos
que decidíramos experimentar. Deixar de lado, para o final do verão, o regresso
à realidade que nos consumiria. Trocar cada toque vazio, por todos que nos
enchiam e que não nos cansávamos de partilhar, foi o que nos deixou com a
sensação de que valera a pena.
A despedida não foi chorosa nem
cinzenta. Sabíamos o que tínhamos começado e terminar era apenas mais um passo
e uma consequência. Tu serás, por muitos verões, o melhor amor de um verão comum, aquele em que decidimos
ambos que podíamos, porque queríamos e porque sim. Eu fui, sem qualquer dúvida,
o teu verão possível.
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