Sabes de que forma conseguirias lidar com uma perda, daquelas que arrancam cada pedaço de nós, que nos atiram para um espaço sem mapa ou roteiro e nos esventram enquanto ainda respiramos?
Tudo se torna suportável quando tem volta, quando existe uma solução e de cada vez que sabemos que mesmo a doer, eventualmente passará. Mas já perder para sempre, ficando sem a pele de quem nos confortava, do olhar de quem nos conhecia por dentro, das mãos sempre suaves que nos tocavam para nos tranquilizar e para nos forçar a mover, dessa perda ninguém nos fala, não as vezes suficientes para que a consigamos saber aceitar melhor.
Perder-te, sentir que me eras levado, mudaria toda a perspectiva de mim mesma, porque até que já aguento a tua distância e ausência, mas não aguentaria a perda definitiva, não aguentaria o vazio, o silêncio, a procura incessante, mas sem resultados de um corpo que me pertence e sem o qual não iria querer continuar. Perder-te seria admitir que és finito, que não tens forma de me prometer que nunca te afastarás de mim, não por mais do que o tempo necessário. Perder-te seria perder cada momento que ainda planeio viver contigo, até porque já os consigo sentir e saborear, tal como sei, mesmo de olhos vendados, qual o sabor da tua boca.
Ser forte tem um limite, vem com um código de barras, mas a leitura não é feita por nós. Ser forte é termos de quem falar e a quem chamar quando a sua falta testar a nossa resistência. Ser forte quando nos arrancarem do chão e de nós mesmos bastando um estalar de dedos, ou de destino, isso sim será força, tudo o resto passará apenas por momentos menos bons.
Será que já sabes que perdas conseguirias aguentar?
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