Até quando te beijava estava a falar-te com a única voz que conhecias e reconhecias. Era eu a que ouvias logo pela manhã, nas manhãs que passámos a ter ambos. Dizias que não te cansavas de me ouvir, que a forma tranquila como o fazia te sossegava o espírito e te lavava do que não te preenchera, em dias menos felizes, mas que o seriam logo que me ouvisses outra vez.
Também te ralhava e também me zangava. Também te cobrava, o que queria para os dois, mas fazia-o no mesmo tom, e entrava-te tão dentro como jamais o poderias fazer tu, em mim, neste corpo que ainda padece com a falta do teu. Só conseguia amenizar-nos, aos dois, falando-te da única forma que sabia, com paixão, com calor, com tudo o que tinha para ti e nem fazias ideia de quanto...
Quando te vi, a primeira vez, depois de me teres ouvido e dito que te enfeitiçara e prendera a alma, dei-me com cada som de que sou feita e encaixámo-nos ambos, julgava eu que para ficar, porque o que dizia fazia sentido para ti, era eu com a minha voz e nos meus sons!
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