Há dias em que as nossas sensações nos enganam, em que o que está bem dentro de nós nos faz mal e nos leva a "gritar" o que não queremos e o que não devemos. Há dias que não deveriam começar, porque não temos como os terminar da forma certa!
Tenho que aprender a não esperar dos outros o que sou, porque o sou demasiado. Sou demasiada pele, demasiadas palavras e emoções. Sou muito desejo, um mar revolto e tranquilo. Sou o sol que brilha e se esconde por detrás de nuvens ameaçadoras. Sou o chão arenoso que magoa os pés e a areia fina de uma praia deserta. Tenho que aprender que existem coisas das quais só poderemos ter metade e que o tudo nem sempre é o que preciso. Hoje a minha alma chorou comigo, fez-se cinzenta e não me permitiu cuidar de quem já me cuidou. Hoje a minha alma deixou-me mal e fez-me mal. Hoje não queria ser eu. Hoje precisava de não ser tão exigente e de não usar as palavras que por vezes também me ensombram, porque esperam sempre a colocação certa e porque querem receber na proporção do que conseguem dar.
Cada pessoa tem os seus próprios mundos, medos escondidos, incapacidades, travões e limites. Terei que o aceitar e entender, porque dificilmente chegarei até onde preciso e desejo e é por isso que bem dentro de mim senti que não estive à altura. Deixei passar o que me estava a fazer bem, a manter-me acordada e desejada. Estou triste, porque sinto, bem dentro de mim, que falhei e deixei-me mal. Está a doer tanto que me apetece gritar comigo, mas a voz não sai, apenas as palavras que se comportam como a minha maldição, essas caminham sempre soltas e independentes porque não as consigo conter.
Se pudesse, hoje não seria eu!
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