Por vezes também é assim, o frio invade-me e o medo transforma a minha consciência em medo. Medo de não estar no caminho certo. Medo de que não seja este o meu percurso e medo de que ele não se cruze com o teu. Em noites como a de hoje, em que me ri de todas as brincadeiras sempre contigo no pensamento, mas em que olhei milhares de vezes para as horas que não passavam, acabo a pensar no que ando afinal a fazer. Quem sou eu e porque quero o que não posso ter? Já sabia que não seria fácil, não tinha como, mas insisti em permitir que entrasses no único lugar que deveria manter fechado, sobretudo de ti. Permiti que invadisses o coração que tanto me faz viver e sorrir à vida, como me traz para baixo de tanta saudade, desejo e necessidade de ti.
Frio por dentro, na alma, num corpo que ainda não tiveste. Frio em mim, tanto hoje, que enregelei de medo. Frio pela consciência do recomeço, e eu sei o quanto não quero ter que recomeçar. Frio pelo desalento que me provoca não ter como te tocar. Frio na escolha unilateral e na perceção de um amor a uma voz. Frio por ter o frio que sentem os que não são amados.
Sabemos sempre, mesmo quando o tentamos ocultar, o que esperar de alguém que não espera por nós. Nós sabemos que decisões tomar e quando seguir em frente. Sabemos ao que sabem os sabores amargos, os que permanecem dos beijos que não beijam mesmo. Sabemos que quando o frio se instala, tudo o resto já terminou!
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