Mãos que seguram, que apertam, compreensivas, mostrando que nos importamos e que estamos onde fazemos falta. Mãos que conhecem quem precisa de nós, sabendo do que padecem e nunca recusando estender-se.
Já senti as tuas, quando apertavam as minhas, quando me afagavam os meus cabelos, tocando-me na face, passando suaves pelos lábios que acabavas sempre a beijar, e dos quais ouviste tantas vezes, as palavras que se dirigiam directamente ao coração, ao teu, do meu, porque é sempre dele que falamos. é a este músculo que gostaria por vezes de interromper a velocidade, dizendo-lhe que não deveria bater tão acelerado e que seria bom que esperasse por mim, pela minha avaliação, e não se adiantasse de forma a ter que o fazer parar, porque quando embica para alguém, todo o meu mundo arrisca desabar como um castelo de cartas.
Se as minhas mãos pudessem apertar as tuas agora, eu sei que me terias mais um pouco, que muitas dúvidas seriam postas de lado, que até a forma como começas os dias cresceriam e te tornariam mais luminoso. Olhos, mãos, corpo, tudo o que nos puder tocar toca-nos como precisamos, fazendo-nos sentir menos sós, mesmos que arrumados e preparados, porque o calor de quem existe do nosso lado, no mesmo ritmo, faz-nos superar qualquer agrura e aguentar até as subidas mais íngremes.
Mãos que estão nas nossas mãos.
Mãos que nos protegem até de nós.
Mãos que nos recordam que não somos apenas nós.
Mãos que nos acendem a paixão e fazem mover o corpo.
Quero umas mãos assim, quero as tuas...
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