Não me traias com o pensamento, nem me magoes com os desejos de outra pessoa, porque de cada vez que procurares os atributos que admiras em outra que não eu, estarás a dilacerar-me por dentro. Sabes que jamais olharia, duas vezes, para outro homem, porque tu enches e preenches cada pedaço do meu corpo e alma e nunca consigo sentir falta do que quer que seja, se não de ti. Sabes que para mim pertencer a alguém é sobretudo cuidá-la pelo respeito. Sabes que nunca te perdoarei uma traição.
Não vou querer ouvir-te justificar a tua incapacidade de me quereres apenas a mim. Não faço questão de te entender no que toca a esta forma distorcida de amar, porque ninguém ama duas pessoas ao mesmo tempo, poderá quando muito sentir atração, ou simplesmente um desejo muito animal na sua irracionalidade de querer usar ambas as mãos em corpos diferentes. Não me venhas falar dos instintos, da genética e do que foi o homem muitos séculos atrás. Estás a ler isto bem? SÉCULOS! De lá para cá tiveram que evoluir e deixar de pensar em ser o macho do grupo, o que procria com todas as fêmeas para preservar a raça.
Não tens como me explicar de que forma armazenas cheiros diferentes e como os processas de cada vez que estás com outro corpo, porque isso não é natural. Para mim foi e é o teu cheiro que me faz eriçar os pelos em locais que nem sabia existirem e que me fica entranhado até que te volte a ter.
NÃO me traias. Não me afastes dos teus sonhos. Não vou esperar, nem aceitar, e vou, com toda a certeza das certezas que já consegui ter nesta vida, deixar de te amar tão rapidamente quanto consigas deixar de me pertencer.
Se me traíres não me contes. Se me traíres foge e enfia-te no buraco mais recôndito que encontrares. Se me traíres libertas-me definitivamente de ti!
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