As teclas e eu! Recolho-me para poder escrever, sempre assim foi, mas agora que já não fazes parte das minhas rotinas, o desejo de não ouvir ninguém, de não estar disponível e de não ter que sorrir quando só me apetece enroscar-me e morrer, ainda me fez isolar por mais tempo.
Os meus dias são passados a teclar furiosamente no meu portátil, que se falasse me diria das boas. Entretenho-me a baloiçar-me meia morta e indolente na cadeira que tu mesmo montaste e a olhar o mar, perdida, sem conseguir ver para lá da vida que tenho agora. Restam-me os compromissos, segundo a Aurea, a minha agente, são eles que me trazem agarrada à realidade e se assim não fosse, nem da cama sairia.
Este lugar que escolhemos e que sempre foi o nosso refúgio, é o que me aproxima de ti e que reconheço. A decoração foi escolhida a dois, os sofás usados e abusados por tanto amor feito e sentido. A tua chávena preferida, na qual gravei as palavras "only you", é a que uso agora. Encho-a de tudo, de água, de chá, de chocolate quente, nunca sai do meu ângulo de visão, porque passou a ser um pedaço de ti...
De quem foi a culpa? Quem deixou acontecer? Quem não cuidou?
Já deixou de importar. És outro homem agora, tens nova mulher e serás certamente feliz, pelo menos quero pensar e acreditar que sim, porque sempre te quis demasiado para te sonhar triste e sem rumo. Espero que tenhas encontrado o que tanto procuraste e aparentemente eu não te soube dar.
Não tenho qualquer mágoa, apenas um amor imenso que me rasga o peito. Vou apenas ter que esperar, sem desesperar, que também ele me abandone!
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