Gosto de me lembrar de ti. Gosto da sensação que me invade o corpo quando sou invadida pelas memórias do que tive contigo. Gosto de ir encontrar as tuas coisas, poucas, pequenas, mas tuas. Gosto de conseguir ver, tal como fiz hoje, o que escreveste e assinaste. Ainda há muito que me lembra de ti. Ainda tenho imensas lembranças doces, de entrega e repletas de ti comigo.
Lembrar-me de ti permite-me perceber o que tivemos, não o desvalorizando. Lembrar-me de ti apazigua-me e arranca qualquer vontade de me zangar, sobretudo comigo. Lembrar-me de ti ainda é possível, porque o que fomos e tivemos foi real.
"Para usar compulsivamente"
Por acaso não o tenho feito, mas hoje, enquanto bebia o meu chá e olhava para o sol que me ilumina a janela, li o que deixaste escrito e assinado. Tive que sorrir, porque a tua preocupação comigo, mesmo que a considerasse excessiva, sempre existiu. Tu és assim. Tu és um cuidador.
Deveria ter-te usado, a ti, compulsivamente. Deveria ter saboreado, MAIS, cada momento e toque que consegui partilhar. Deveria ter colocado um prazo em nós e certamente que acabaria com muito mais do que aquilo que me restou.
Já não receio a nostalgia, nem os momentos em que decides vir até mim para me testar. Tudo é mais natural agora. Vieste. Reconheceste-me. Aceitei-te. Amámo-nos, de forma bem intempestiva e regressámos ao ponto que já tínhamos escolhido, ao nosso, a mim sozinha, como afinal sempre estive. e tu a ti, sozinho.
Nada do que foi válido consegue ser apagado. Cada uma das emoções que as nossas vozes nos passaram, quando ouvirmo-nos era uma batalha, permanecerão e certamente que servirão de tabela para tudo o que vier depois de nós. Os milhares de palavras que conseguimos trocar, carregaram tudo o que era possível dizer, mas deixaram muito mais para um futuro que já não tem forma de chegar. Ao lembrar-me de ti hoje, senti que gostaria de ter escrito muitas mais, mesmo sabendo que nunca teriam bastado.
Será que percebes o poder que o teu amor ainda carrega?
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