Deixa-me lembrar-te, não porque te consigas esquecer, mas porque escolhes deixar de pensar no que já te fez tão bem, de todas as vezes que eu consegui que sentisses algo tão novo, tão intenso e real, que receias não o voltar a ter, não depois de eu já ter partido!
Quando nos decidimos e quando fazemos escolhas, seguir em frente será bem mais fácil, mas se o que pretendemos é fugir do desconhecido e do que não controlamos, apenas caminhamos perigosamente, para uma falsa paz, passando a aceitar pedacinhos do que quer que chegue, achando que não merecemos muito mais.
Há muito que percebi que eu só poderia ter o que merecesse, passando a escutar com atenção, tudo o que me pede o corpo. Há muito que só me entrego a quem me levanta o pé do chão, quem me faz vir com apenas um olhar, porque a simples ideia de ficar pronta deixa-me molhada e toda entregue a quem poderá mexer e remexer-me até que continuar já não seja mais suportável. Há muito que sei que depois de ter tido tudo, não vou querer nada menos.
Já provei vários sabores. Já tive na boca o que a minha boca pedia e por isso sei o que me liga, o que me transforma nesta coisa que até eu tenho medo de acordar, verdadeiramente porque sei que uma vez alerta, se "tu" não te souberes manter, se não tiveres alma, força e corpo para me satisfazer, eu não ficarei. Eu permanecerei à procura do que é meu por direito e vou encontrar, asseguro-te que vou, porque já o sonhei, já o vi e já me esteve dentro.
Só tenho uma vida de cada vez, mas de cada vez que voltar a viver, tudo o que carrego do passado servirá para que seja sempre da única forma possível, apaixonada, intensa, revolucionária, teimosa, uma amante que depressa se moldará e cujos medos acabarão a passar, bastando que "saibas" o que fazer. É bom que saibas mesmo, porque eu não sou metade de nada, não passo sem ser vista, não falo sem ser ouvida e não escrevo sem que do outro não sintam parte do que sinto eu mesma.
Deixa-me lembrar-te, caso precises mesmo que te lembre, que esta sou eu, assim, toda!
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