Parece ter passado muito tempo...

Woman Leaning on Gray Chain Link Fence


Parece ter passado muito tempo, porque sinto agora que te conheço há décadas e que o que fizemos, cada passo dado, foi predestinado e teria que acontecer. Não consigo evitar olhar para trás, tentando perceber de que forma chegaste até mim e porque me conseguiste "convencer" a aceitar-te. A vida encontrará sempre meios para se satisfazer, para concluir o que começa e talvez seja mais fácil assim, apenas aceitar.

Gostei de TUDO, senti-te por dentro, o teu sabor, a tua força e determinação. Cada toque teu moveu o meu corpo para as sensações certas, fazendo-me sentir mulher outra vez e que bem me soube. Hoje, após ter deixado de te ouvir e de sentir, parece ter passado muito tempo, demasiado e até tu sabes que cada hora sem o "nós", servirá apenas para nos afastar mais ainda. São escolhas, são movimentações, são desejos, ou a falta deles. Não vou lutar por ti, decidi que não o faria assim, porque ou me queres e me incluis, ou me perdes, sem volta e sem segundas chances.

Parece ter passado muito tempo, tanto que já não consegues sequer lembrar-te de todas as palavras e sentimentos trocados. As promessas eram sentidas, tal como a vontade de estarmos no futuro um do outro, mas depois da tua incapacidade em ver quem sou, ou talvez porque me viste realmente, o muito passou a nada e até a tua alegada força interior se esfumou.

Ninguém é exactamente o que mostra, quando se mostra demasiado julgador, apontando aos outros o que inevitavelmente acabará por fazer. Ninguém carrega toda a integridade do mundo, porque os testes chegam e por vezes não se passa em nenhum. Ninguém deveria procurar quem não lhe cabe nas mãos que terá que tocar para que lhe chegue ao coração. Ninguém é tanto que continue a ser o tudo de quem o escolheu, se não estiver e não souber como ficar. Ninguém pode parar o tempo até que decida o que fazer dele, se vivê-lo, ou vê-lo escorrer pelos dedos.

Parece ter passado muito tempo e quanto mais passa, mais percebo que nunca estiveste, não tu, apenas a parte de ti que quis reconhecer.

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