A selva urbana tem produzido cada vez mais seres desumanizados, incapazes de reterem sentimentos que perdurem e invadindo tudo e todos em benefício próprio. Não sei quais serão as desculpas, se é que existem, para mim são sobretudo faltas, de amor-próprio, de respeito por si e pelos outros e uma essência para lá de cinzenta. Penso que até estarei a ser algo generosa na avaliação, mas uma vez que quero acreditar que ainda existem alguns, uns quantos de nós que serão capazes de salvar os restantes da perdição, não vou escurecer demasiado o cenário.
A "animalidade" em nós arrasta as vontades que parecem colidir com a do outro. Ou estás comigo ou contra mim, não existe meio-termo. O tudo ou nada, passou, há muito, a ser mais nada do que qualquer outra coisa. O EU passou a ter demasiada importância, mais do que tudo o resto e seguramente mais do que todos os outros, também eles a quererem ser alguma coisa visível e palpável.
Até que poderia aplicar aqui uns quantos provérbios elucidativos da coisa, mas hoje não me apetece ser gráfica, por isso dispensem lá os bonecos e leiam com clareza o que está realmente claro. Somos fruto do que construímos, para o bem e para o mal. Só vamos até onde os nossos pés nos levarem, quer saibamos correr ou apenas caminhar. Nunca chegaremos mais longe, nem mais alto, se formos incapazes de olhar de cima para baixo, porque uma vez subindo, teremos que saber fazer o percurso inverso, vindo de volta ao que já fomos, quando começámos.
Está muito complicado de entender? Concordo, até eu me baralho quando percebo que já há muito deixei de perceber o que quer que seja sobre a natureza humana. Mas vou continuar a insistir na aprendizagem, podem chamar-me louca, mas acredito piamente que ainda existem mais modelos intactos, sem qualquer ponta de conspurcação emocional. Se não o fizesse, já há muito que teria começado a nadar para a ilha e nem os "animais" reais me impediriam.
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